Sonhos em pesadelo


Maria Avelina Fuhro Gastal

Em preto e branco ou a cores, envolto em mistério, encoberto por brumas, límpido como o vivido, suave, intenso, tranquilizador ou perturbador, os sonhos estão em nossas noites, lembremos deles ou não.

Ausentes marcam presença, mortos renascem para a vida, lábios recebem beijos, braços acolhem, rios e montanhas são desbravados, casas se conjugam em um único ninho, histórias cruzadas se alinham. Nos sonhos estão todos e tudo, mesmo que jamais tenhamos experimentado a unidade.

Sofridos, deixamos de considerá-los sonhos, são pesadelos.

Acordados, controlamos os sonhos. Fantasiamos, projetamos, idealizamos. Neles buscamos esperança, consolo, motivos para continuar. Sonhamos para enfrentar pesadelos, para superar tristezas e desesperança. Mas, também, para prolongar reencontros, para acreditar em possibilidades.

Todos sonhamos, nem sempre lembramos. Sonhar é humano.

Que sonhos cabem na urgência da fome?

Há sonhos em pesadelo constante?

Nas ruas proliferam colchões, caixas de papelão como camas, abas de telhados como dorseis, céu como teto, jornais e trapos como edredons. Pessoas como bichos. Passamos por eles. Desviamos. Ignoramos. Vivemos para os nossos sonhos e neles não cabem a miséria.

O que sonham as pessoas tratadas como bichos?

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Maria Avelina Fuhro Gastal

E-mail: avelinagastal@hotmail.com

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