Não voto em Lula


Maria Avelina Fuhro Gastal

─ “Em Lula, não voto.

Claro que não voto em Bolsonaro. Como eu votaria em quem menosprezou o sofrimento das pessoas durante a pandemia da Covid-19? Enquanto avós, pais, irmãos, amigos, médicos, enfermeiros sofriam, morriam, ele imitou alguém com falta de ar, sufocando, asfixiando, debochando da dor e do sofrimento de todos nós. Desdenhou da Ciência, atrasou vacinas, promoveu remédio ineficaz, lavou as mãos e se declarou não-coveiro, esquecendo que era presidente.

Mas não voto em Lula.

Muito menos em Bolsonaro. Cansei das ameaças à democracia, do desrespeito às instituições de Estado, das estratégias e símbolos fascistas e nazistas usados na campanha e durante todo o seu governo. Ou ele pensa que sou idiota e não entendo a mensagem do neonazismo na live de 29 de maio, quando eles bebem leite?

Ainda assim, em Lula, não.

Reeleição, nem pensar. Tenho medo de que acabem com a Amazônia e com o Pantanal. Já prometeram passar a boiada e a porteira está aberta. Mais quatro anos e não sei se terá volta. Desmantelou os órgãos de fiscalização, abandonou os povos indígenas, ignorou denúncias. Ambientalistas assassinados. Ele não tem nenhum compromisso com o meio ambiente nem com a vida. Ele não.

Nem Lula.

Vejo a fome em cada esquina. Ele não. Vejo o preço absurdo dos alimentos, Ele não. Vejo o desespero das pessoas com câncer. Ele não. Ou não cortaria a verba para tratamento. Vejo as pessoas abandonando tratamentos, pois com os cortes na Farmácia Popular não podem pagar a medicação. Ele não.

Mas em Lula, não.

E eu votaria em quem compra 51 imóveis com dinheiro vivo? Só pode ser dinheiro sujo. Nem todas as rachadinhas do mundo seriam suficientes. Como saber? Não há averiguação, pois ele interfere, afasta, desmonta qualquer possibilidade de transparência e investigação. E o sigilo de 100 anos? Esconde o quê? Com certeza, ele não.

Lula, também não.

Como mente. Tudo é fake news. Nunca vi alguém que se diz cristão faltar tanto com a verdade, desrespeitar tanto o próximo, insultar tanto as mulheres, pregar tanta violência. Até a tortura ele enaltece. Ele, não dá. Se diz protetor da família e dos bons costumes, mas olha com desejo meninas “arrumadinhas”, se diz imbroxável em dia de comemoração da nossa Independência, com milhares de crianças ouvindo, na presença de famílias. Deve ser mesmo, já que está f.. com tudo. ELE NÃO.

Em Lula, nunca votei.

E essa história, agora, de não reajustar o salário-mínimo, as aposentadorias e as pensões pela inflação? Ganho real nunca tiveram nos últimos quatros anos. A ideia é além de não ganhar, perder. Nem osso de galinha será possível comprar. E a Reforma Administrativa? A desculpa é rever gastos públicos. A proposta é de demitir servidores concursados, inflar a administração com cargos em comissão, atrelando as atribuições (e o salário) de funcionários à obediência aos políticos. Ele não. De jeito nenhum.

Votar em Lula? Sei não.”


Muitos votarão em Bolsonaro. Tentarão reelegê-lo por convicção, por identificação, por antipetismo, por manipulação.

Para quem a reeleição dele é inadmissível, a única opção é votar em Lula. Não é um voto no PT. É um voto pela volta à civilidade, pela possibilidade de debater, de fortalecer a democracia, de conter a extrema direita.

Eles não deixarão de votar nem anularão o voto. Se nos omitirmos, eles ganham e destroem o país.

Nosso voto deve ser estratégico. Deve ser um grito forte de “Ele não”. Se silenciarmos, eles vencem.

Muitos jamais votariam em Lula, assim como eu jamais votaria em Leite. Mas o inimigo agora é comum. Ou enfraquecemos o bolsonarismo e a extrema direita ou conviveremos com atrocidades, perseguições, perversidade e autoritarismo por muito tempo. Agora, é Lula e Leite.

Por quatro anos pensamos que eram loucos despreparados. Não são. São organizados, perigosos e estratégicos. Se vacilarmos, nos soterram.

Lembrem-se, Lula não está sozinho. Provavelmente aqueles que você queria no segundo turno estão com ele. Não pelo PT. Não por serem lulistas. Estão lutando para que possamos viver em uma democracia. Para que possamos em quatro anos escolher nosso candidato por afinidade e não por medo.

O medo é a resposta à ameaça que estamos vivendo. Não contribua para que se torne realidade. A neutralidade beneficia e fortalece a extrema direita.


Deixe um recado para a autora

voltar

Maria Avelina Fuhro Gastal

E-mail: avelinagastal@hotmail.com

Clique aqui para seguir esta escritora


Pageviews desde agosto de 2020: 254084

Site desenvolvido pela Editora Metamorfose